Pontifício Colégio Português recebe título «Casa de Vida»

 

 

 

No dia 30 de Maio de 2017 procedeu-se, oficialmente, à concessão do título «Casa de Vida» ao Pontifício Colégio Português em Roma por parte da Fundação Raoul Wallenberg. Esta singela cerimónia efectuou-se nas actuais instalações do referido Colégio, e, além do actual Reitor, Padre José Caldas, contou com a participação de Sua Eminência, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente; da Drª Silvia Costantini, Vice-presidente da Fundação Internacional Raoul Wallenberg; do Dr. António Marujo, jornalista e investigador que em 2012 deu a conhecer a história do Padre Joaquim Carreira e o seu acolhimento no Colégio Português de numerosos perseguidos durante o dramático período da 2ª Guerra Mundial; e, por fim, do Dr. Luigi Priolo, um dos beneficiários ainda vivos do acolhimento-refúgio e que passou no Colégio Português cerca de 6 meses entre dezembro de 1943 e junho de 1944.

Como afirmou a Vice-presidente da Fundação Raoul Wallenberg, este momento serviu fundamentalmente para «celebrar a memória do bem e honrar os que ajudaram os perseguidos», fazendo ecoar no presente este «farol de luz nas trevas do holocausto (shoah)» e mostrando o Colégio Português como «uma casa que testemunha a coragem dos heróis silenciosos». Rosto desta luz é, sem dúvida, o Padre Joaquim Carreira, reitor de então, que António Marujo definiu como «um homem simples, um franciscano de verdadeiro espírito evangélico, que mostra como a bondade, a generosidade e a simplicidade podem ser vividas sem limites». Este jornalista português, que acabou de publicar um livro intitulado «A Lista do Padre Carreira», foi um dos grandes obreiros da atribuição deste título ao Pontifício Colégio Português, ao executar uma cuidada investigação acerca da sua obra, méritos finalmente reconhecidos em 2014 com a sua declaração como «Justo entre as nações» por parte do Yad Vashem – Instituto Internacional para a Memória das Vítimas do Holocausto (Jerusalém). As virtudes do Padre Joaquim Carreira foram aqui enaltecidas e testemunhadas em primeira pessoa, quer por parte do seu sobrinho, Padre João Mónico, quer sobretudo pelo Dr. Luigi Priolo, que foi um dos cerca de 40 refugiados no Colégio Português, entre os quais se contavam dois judeus. Terminando o seu testemunho com um poema, ficam na retina as últimas palavras do mesmo, que ajudam a definir a pessoa do Padre Carreira - «uma pura lâmpada».

Após este momento, concluído com umas palavras do Cardeal-Patriarca de Lisboa, procedeu-se à inauguração do memorial ao Colégio como «Casa de Vida» e a um momento de banquete convivial no terraço. Este acontecimento deixa-nos alguns desafios, e serve, sobretudo, para mostrar como «o bem é possível, a generosidade é praticável, e a coragem não é uma utopia», segundo palavras deixadas por uma representante da comunidade judaica de Roma.

 

                              Pe. David Palatino

 

L’intervento della Dott.ssa Ruth Dureghello, Presidente della Comunità Ebraica di Roma: wallenberg